nostalgia




É a dor, a revolta e a culpa. São os muitos dias, os poucos momentos e as vastas esperanças. É a mesma música, as mesmas lágrimas cansadas. São os problemas. É o bichinho inquieto dentro do cérebro, o martelo no coração, a dolorosa memória que se prolonga até ao presente. É o passar das horas que só voam quando são para proveito próprio. São as poucas razões para continuar a viver quando ainda vivemos tão pouco, o mau contentamento com o quanto temos em mãos, os inúmeros amigos que se revelam autênticas fraudes. É a vida - essa que se revela em pequenos gestos, poucas palavras e grandes pessoas; aquela a quem negamos tanta vez o caminho em frente, teimosos por natureza.
Todos os dias somamos aos dias um número infidável de segundos que até à poucos minutos pareciam impossíveis de ultrapassar. Quer com afinco e garra, quer imersos na tristeza subtil de quem só quer viver, lá estamos nós, com um lugar garantido no futuro que só a nós pertence, escrito com as nossas mãos e com as nossas lágrimas, repleto dos sorrisos dos nossos e dos nossos próprios sorrisos. Não vale a pena deixar de viver em vida pois ninguém escolhe viver. Vive-se e pronto.

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