- Exceptuando o meu - perguntou ela - já assististe a grandes amores?
 - Em terra - respondeu Laurent, passados alguns momentos - assisti a alguns. É uma coisa muito triste de se ver.
 - Referes-te - perguntou ela - a esses amores sobre os quais nada impende? Que nada, aparentemente, impede de durarem para sempre?
 - Instalados na eternidade - completou Laurent -, é isso.
 - A eternidade é muito - observei eu.
 - Não é verdade que nada nos impressiona mais do que um grande amor? Que nada, em suma, se lhe assemelha?
 - Os pequenos amores do dia-a-dia - observei eu - têm outras vantagens.
 - E esses - concordou Laurent, rindo - não são tão tristes de ver.
 - A esses basta-lhes a vida - comentei eu -, não saberiam que fazer da eternidade.
 - Digam-me cá - pediu ela -, qual é o sinal anunciador do fim de um grande amor?
 - O facto de nada o impedir, aparentemente, de durar para sempre, não é? - disse eu. 

Marguerite Duras


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