medo

Dizes-me para não ter medo. Para não ter medo porque a vida iria acabar por nos incluir na vida um do outro. Dizes-me que o nosso encontro não foi por acaso. E por mais absurdo que isso me possa soar, eu gosto de acreditar que assim foi, que temos o mundo a unir-nos enquanto separa tanta gente. Dizes-me para não ter medo dos teus objectivos fora do comum, das tuas ideias viradas do avesso, porque a vida há-de te limar as arestas, tal como fez comigo. E por isso, hoje sei que o tempo que passo longe de ti, embora seja pouco, serve para perceber que grande parte dos meus medos têm um fundamento, uma razão para existirem. Estes medos são os meus fantasmas do armário que mantenho vivos, são as minhas feridas que ainda não sararam, são as minhas memórias de outros tempos e de outros corpos que pouco ou nada me servem no presente. E eles vão permanecer na minha vida, mesmo até quando me dizes para não ter medo.


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