amor na ponta dos dedos


Cérebro lento com o coração rápido. Nada no meu corpo trabalha num equilíbrio conatante. Tenho sempre muito a dizer, mas acabo sempre por ficar calada - não saberias ouvir-me. Procuro em ti toda a felicidade que há no mundo e assusta-me todo esse vazio que transportas no peito, esse coração cheio de ar. Tenho medo que me percas, não por me assustar com a solidão, mas por temer o teu regresso. Hoje é tarde e tenho os pés colados ao teu chão, à tua atmosfera colorida e pouco viável, em que acredito como se não houvesse amanhã - todos os amanhãs me parecem absurdos sem ti. Mas não há volta a dar. Tu vais voltar a bater-me com a porta na cara que dói mais na alma do que no corpo e eu serei obrigada a sorrir(-te). Mesmo que o meu coração esteja desfeito, tu achas sempre muito saudável continuar a mastigá-lo, enterrando-o na ridícula esperança que é um sorriso teu. 
Mas digo-te: tu nada sabes sobre mim, nem sobre as minhas variadas cores que me definem. Não sabes e provavelmente nunca virás a saber o que é sentir o amor na ponta dos dedos sempre que estás perto, sempre que te deitas sobre o peso leve do meu corpo e me abraças, numa eternidade linda de se viver quando se sabe sentir. Não percebes nada das minhas virgulas, nem das minhas frases curtas por ter medo que um dia haja um ponto final. 
E sabes? Um ponto final dita o fim do que eu nunca senti por nenhuma criatura do nosso mundo. Dita o fim do teu coração aos beijinhos até eu adormecer. Um ponto final acaba com o que mais belo e feliz tenho em mim e que, por coincidência, dedico por inteiro a ti. O que quer que seja que acabe com o nós, será insuficiente para formar um eu e um tu completamente desprovidos de mágoa. Mas se te achas capaz de tal coisa, boa sorte.



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